Como escolher a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) ideal para seu empreendimento?

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Resumo

Ao lidar com o tratamento de esgoto, realizar a escolha pelo produto e fornecedor ideal é uma tarefa complexa, principalmente por existirem muitas empresas ofertando os mais diversos tipos de sistemas. Para ajudar nesta etapa de escolha, elaboramos esse passo a passo que ajudará aos interessados na compra de ETEs, sintetizando informações e esclarecendo alguns termos técnicos.

Sumário

A compra e instalação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) é frequentemente uma etapa obrigatória para que um novo empreendimento obtenha as licenças e aprovações de diversos órgãos.

Muitas vezes, até mesmos para engenheiros experientes, realizar a escolha pelo produto e fornecedor ideal é uma tarefa complexa, principalmente por existirem muitas empresas ofertando os mais diversos tipos de sistemas. Para ajudar nesta etapa de escolha, elaboramos esse passo a passo que ajudará aos interessados na compra de ETEs, sintetizando informações e esclarecendo alguns termos técnicos.

PASSO 1 – ESCOLHA DO MATERIAL

O Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV), o concreto e o aço são os materiais geralmente utilizados para construção de ETEs. O material mais adequado para ETEs de pequeno e médio porte (15 L/s) é o PRFV devido ao seu custo benefício. Sistemas produzidos com esse material são compactos, de fácil instalação e deslocamento, e, geralmente, mais baratos. Esse tipo de material permite também que as ETEs possam ser produzidas em módulos, possibilitando a instalação em diferentes locais do empreendimento ou em etapas.

Para sistemas grandes (>15 L/s) o material mais adequado é o concreto, que é a opção mais vantajosa do ponto de vista financeiro para grandes estruturas. No entanto, utilizar o aço como matéria prima é totalmente desaconselhável pois, além de ser um material muito mais caro, o mesmo corrói rapidamente em contato com águas residuárias, devido aos ácidos gerados durante o tratamento, exigindo reparos constantes.

PASSO 2 – DEFINIÇÃO DA VAZÃO DO SISTEMA

Para definição da vazão do sistema é necessário primeiramente calcular a quantidade de usuários que irão contribuir com o sistema. Para isso, saber o tipo de empreendimento é muito importante, pois a variação na quantidade de água residuária gerada per capita (por pessoa) em empreendimentos comerciais, industriais ou residenciais é muito grande.

Para cálculo da produção de água residuária do empreendimento, aconselha-se a utilização de valores per capita disponíveis na literatura, como, por exemplo, os apresentados por Von Sperling (tabela abaixo), ou disponíveis em normas, como a SABESP NTS 181 ou a NBR 13696/1997 . Basta multiplicar a quantidade de usuários pelo per capita para descobrir o consumo diário de água. Por fim, multiplica-se o número encontrado pelo coeficiente de retorno de esgoto (0,8), encontrando assim a vazão de água residuária produzida no empreendimento. Atenção na conversão, pois a unidade de medida nestes casos é litros x habitantes x dia, e as empresas que produzem ETEs geralmente utilizam as unidades metro cúbico por dia (m³/dia) ou litros por segundo (L/s).

 

PASSO 3 – TRATAMENTO BIOLÓGICO OU FÍSICO-QUÍMICO

As empresas de saneamento em geral oferecem sistemas cujo tratamento pode ser biológico, físico-químico, ou uma associação dos dois. A escolha do tipo de tratamento depende das características do efluente que está sendo tratado, portanto a caracterização físico-química através de análises laboratoriais é de grande importância.

Para esgoto doméstico (empreendimentos residenciais, comerciais e industriais que apresentem características padrão de esgoto sanitário) é mais aconselhável a utilização de sistemas com tratamento biológico, cuja operação é simplificada e utiliza-se pouco ou nenhum produto químico no processo.

Em casos nos quais o efluente apresente poluentes que não podem ser removidos pelo tratamento biológico (metais pesados, nutrientes, etc.), obrigatoriamente deve-se utilizar o tratamento físico-químico ou realizar uma combinação dos dois tipos de tratamento. O grau de “tratabilidade” do efluente pelo sistema biológico pode ser medido através da relação DBO5/DQO.

PASSO 4 – DEFINIÇÃO DA QUALIDADE DO TRATAMENTO

Consultar os órgãos ambientais para definir qual tipo de sistema será instalado é a etapa mais importante em todo o processo. As exigências podem variar de acordo com os estados e municípios, ou ainda de acordo com o corpo hídrico receptor do efluente tratado, o que torna o processo bastante complexo. Em alguns casos, os parâmetros de tratamento e as licenças para descarte do efluente tratado são definidos pela Concessionária de Água e Esgoto local, em outros pela Autarquia (SAAE), podendo essa competência também ser da agência reguladora ou da Secretaria de Meio Ambiente do município. Buscar as informações corretas é fundamental, pois economiza tempo e dinheiro.

De uma maneira geral, os órgãos ambientais se orientam pelas Resoluções Conama 357/2005 e 430/2011, que é a legislação mais atual para lançamento de esgoto e proteção dos corpos d’água. Dependendo do tipo de corpo d’água (lago, represa, riacho, rio, etc.) em que o efluente será lançado depois de tratado, são definidos os parâmetros para tratamento. Geralmente o parâmetro mais observado é o de remoção de matéria orgânica (DBO), que varia de 80-95% (Tabela X) dependendo do sistema escolhido. Esse percentual frequentemente é chamado de eficiência de remoção de matéria orgânica da ETE.

Efluentes tratados que atingem 95% de remoção de matéria orgânica são considerados água de reúso, que pode ser utilizada para fins não potáveis (rega de jardins, lavagem de pisos, etc). Em 2019, acredita-se que a NBR específica para o reúso de água seja lançada, o que contribuirá para a conservação de água e dará fim às dúvidas sobre o assunto, unificando as principais informações em um só documento. Por fim, os órgãos ambientais podem fazer algum tipo de exigência quanto à desinfecção do sistema, variando entre cloração (pastilha ou líquido) ou Reator Ultravioleta.

PASSO 5 – ÁREA DISPONÍVEL

A área disponível para a instalação da ETE é sempre um fator que demanda atenção. As ETEs atuais são consideradas compactas pois ocupam áreas muito menores que modelos de ETEs utilizadas no passado (especialmente do tipo lagoas – Foto 4). No entanto, os tanques que compõem as ETEs podem ser consideravelmente grandes dependendo da vazão de tratamento, podendo o sistema completo exigir áreas de até 150m².

Recomenda-se sempre que a ETE seja alocada na etapa inicial do planejamento do empreendimento, principalmente por questões relacionadas à logística. Frequentemente os tanques podem chegar a 6 metros de altura e 3 metros de diâmetro, e sua entrada pode se tornar bastante complexa em casos em que a obra já esteja finalizada, exigindo até mesmo destruição de estruturas já prontas.

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